Dicas do Rato

Se há coisa que nunca falha no Windows é a sua mania de saber melhor do que o utilizador. Para cada clique, há uma “ajudinha” não solicitada. As pastas padrão — Documentos, Imagens, Música, Vídeos, Transferências — são um bom exemplo disso. No papel, parecem bem organizadas. Na prática, funcionam como aquelas gavetas da cozinha que juramos usar só para talheres, mas onde acabam por morar pilhas, elásticos, manuais de micro-ondas e, inevitavelmente, um carregador de telemóvel de 2003. 😅

Ao longo dos anos, a Microsoft foi-se tornando cada vez mais ‘atrevida’ com estas pastas. O cúmulo chegou com o empurrão quase agressivo para integrar tudo com o OneDrive. “Quer guardar o seu ficheiro?” – pergunta o Windows. Tradução: “Quer que eu o esconda numa nuvem que enche em dois dias e depois começo a ameaçar apagar coisas?” com o objetivo principal de conseguirem faturar mais em serviços na Cloud.

É por isso que muitos veteranos — e eu também — decidiram pura e simplesmente ignorar estas pastas. A filosofia é simples: se não posso confiar que não me mexem nas gavetas, arranjo a minha própria estante.

1. Pastas padrão são como hotéis baratos.

A estadia é conveniente, mas nunca sabe quem mais tem a chave. Hoje guarda lá os documentos, amanhã descobre que a Microsoft já os levou para o OneDrive sem pedir licença.

2. O OneDrive não é um armazém infinito.
A versão gratuita tem espaço tão generoso quanto uma caixa de fósforos. Quando enche, não há só alertas: há risco real de perder ficheiros. Não é drama, é política da casa.

3. Criar a sua própria pasta é libertador.
Basta abrir o Explorador de Ficheiros, ir até C:\Users\[o seu nome], inventar uma pasta — pode chamar-lhe “Os Meus Documentos Sérios” ou até “Coisas Secretas” — e adicioná-la ao Acesso Rápido. É a sua pasta, com o seu nome, e a Microsoft não se atreve a meter-lhe a mão!

4. Aplicações insistem em seguir a manada.
Word, Excel e companhia partem sempre do princípio que quer usar a pasta “Documentos”. Felizmente, quase todas permitem mudar a localização predefinida. Nos casos mais teimosos, há sempre o bom e velho “Guardar Como…”, que ensina o programa a voltar à pasta que realmente interessa.

5. O controlo é do utilizador — ou devia ser.
As pastas padrão foram criadas para organizar, mas a Microsoft acabou por atravessar a linha para o “comportamento invasivo”. Evitá-las é, no fundo, um ato de sanidade digital: decide-se onde guardar, como guardar e, sobretudo, evita-se surpresas desagradáveis.

Usar as pastas padrão do Windows hoje em dia é como confiar as chaves de casa a um vizinho que insiste em redecorar a sala sem pedir autorização. Pode parecer cómodo à primeira vista, mas mais cedo ou mais tarde vai custar-lhe um susto — ou até ficheiros importantes. Criar a sua própria estrutura de pastas é simples, rápido e devolve-lhe algo que, no mundo digital, vale ouro: o controlo!

 

No fim do dia, não se trata de ser “control freak” nem de desconfiar da Microsoft por desporto. Trata-se de evitar que decisões automáticas acabem em perdas reais. Afinal, se até no frigorífico se prefere ter prateleiras próprias para não misturar a sobremesa com o alho, porque haveria o Windows de ser diferente?

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