Dicas do Rato

Na comunidade Linux existe quase uma “religião” não escrita: que começa-se a usar Linux num ambiente de desktop inovador, cheio de ícones e menus, mas quando a confiança aumenta… pumba, aparece alguém a dizer: “o próximo nível é um tiling window manager”. É como se mudar para o i3, Sway ou Hyprland fosse o equivalente digital de atingir o Nirvana: produtividade máxima, sem precisar de rato, tudo só com o teclado. (Já usei todos durante muito tempo😅)

Mas será mesmo assim? Ou será que isto é mais um daqueles casos em que o hype é maior que a utilidade prática? Neste vídeo o autor explica com humor e pragmatismo, porque é que os “Tiling Window Managers” são adorados por uns, ignorados por outros, e porque muitos continuam felizes da vida no “velho” KDE ou GNOME.

  1. O que é afinal um Tiling Window Manager?
    Imagine que o seu ecrã é um tabuleiro de xadrez: cada aplicação ocupa um quadrado ou um conjunto deles. Nada de janelas a flutuar por cima umas das outras, nada de clicar e arrastar para ver o que está por baixo. Tudo encaixa automaticamente como Tetris.
    Resultado: menos tempo a organizar janelas e mais tempo a… bem, teoricamente, a trabalhar.

  2. Vantagens reais (sem fanatismos).

    • Produtividade sem rato: quase tudo se faz com atalhos de teclado, evitando aquele exercício olímpico de mover a mão do teclado para o rato.

    • Consumo leve: sem docks cheias de efeitos ou animações, consome menos memória e CPU.

    • Aproveitamento do ecrã: nada de espaço perdido com barras gigantes ou janelas mal arrumadas.

    • Personalização brutal: se gosta de passar tardes a afinar configs e ficheiros .conf, é o paraíso!😅

  3. Mas… não é a solução mágica.
    O lado negro da força também existe:

    • A curva de aprendizagem inicial pode ser (muito) chata.

    • Se trabalha num portátil de 14″ ou 16″, meter três ou quatro apps lado a lado é como tentar ler a bula de um medicamento sem lupa.

    • Para quem só usa duas janelas em simultâneo (browser + editor de texto, por exemplo), o ganho é mínimo.

  4. Desktop Environments também evoluíram.
    KDE, GNOME e companhia não ficaram a ver navios. Hoje já é possível arrastar uma janela para o lado e ela ocupa metade do ecrã, ou usar atalhos para as organizar como num tiling manager simplificado. Até o KDE tem um modo de tiling completo, caso se queira brincar. Ou seja: mesmo sem mudar de paradigma, já há funcionalidades que roubam a melhor parte dos tilings.

  5. A decisão final: estilo ou substância?
    Tiling window managers são como bicicletas fixie: quem as usa jura que são a essência da eficiência urbana, mas para muita gente um carro ou até uma trotinete elétrica continua a ser mais prático.
    Se o seu fluxo de trabalho envolve dezenas de janelas abertas, planilhas, terminais e browsers ao mesmo tempo, um tiling pode ser ouro sobre azul. Mas se o dia-a-dia é mais “uma app de cada vez”, talvez a mudança traga mais dores de cabeça do que ganhos.

Tiling window managers não são feitiçaria nem garantem automaticamente que alguém vai trabalhar mais rápido. São ferramentas poderosas para cenários muito específicos, mas também podem ser um exagero para quem prefere simplicidade. O importante é não cair no discurso “se não usa tiling não é produtivo” — isso é conversa de evangelista de software, não de gente prática. No fim do dia, o melhor gestor de janelas é aquele que se adapta ao seu fluxo de trabalho, e não o contrário.

Bom trabalho!!
 

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