Dicas do Rato

Se há algo que une Windows e Linux, além das discussões eternas sobre “quem é melhor”, são os ficheiros comprimidos. Quem nunca recebeu um ZIP cheio de fotos, ou teve de lidar com um misterioso .tar.gz que parecia saído de um laboratório secreto de informáticos? 

Por trás destes formatos, escondem-se filosofias diferentes, estratégias de compressão e até algumas manias herdadas da era das cassetes magnéticas (sim, aquelas fitas que davam nós no leitor). O resultado é uma batalha tecnológica onde cada lado tem as suas vantagens e desvantagens, mas no fim ambos servem o mesmo propósito: poupar espaço e organizar a tralha digital. 😅

  1. ZIP: o fast food da compressão
    O ZIP funciona como um restaurante de fast food: cada ficheiro é embalado e comprimido individualmente antes de ser colocado no saco (o arquivo final). A vantagem? É rápido abrir apenas o hambúrguer desejado sem ter de desfazer todo o menu. O problema? Se houver dois hambúrgueres iguais (dois ficheiros redundantes), o ZIP não aproveita essa repetição, desperdiçando espaço que poderia ser poupado.

  2. TAR: herança das cassetes
    O TAR nasceu no mundo dos backups em fita magnética. A ideia era simples: colocar ficheiros uns atrás dos outros, como músicas numa cassete, sem se preocupar com compressão. O resultado é uma linha contínua de dados, ideal para guardar sistemas inteiros com todas as permissões, atributos e metadados intactos. Soa antiquado? Talvez. Mas é precisamente essa robustez que ainda o torna rei no Linux.

  3. TAR.GZ: primeiro empacota, depois esmaga
    Como o TAR sozinho não comprime nada, alguém teve a brilhante ideia de o “espremer” com o Gzip (o famoso algoritmo Deflate). Assim nasce o .tar.gz: primeiro junta-se tudo numa linha só, depois aplica-se a compressão. Isto dá melhores resultados em ficheiros parecidos, mas obriga a descomprimir tudo para aceder a apenas um. Se for preciso abrir o ficheiro nº 50, azar – é preciso “rebobinar” até lá.

  4. Paralelização e modernices
    Hoje em dia, tanto o ZIP como TAR podem beneficiar de CPUs com vários núcleos. Ferramentas como pigz (gzip paralelo) ou pixz (xz paralelo) aceleram o processo e até criam índices para saltar diretamente para o ficheiro desejado. É como passar de um gravador de cassetes para o Spotify: continua a haver playlists longas, mas agora é possível saltar para a faixa que interessa.

  5. E afinal, qual escolher?
    No Windows, o ZIP ainda reina pela simplicidade e compatibilidade. No Linux, o TAR (especialmente com Zstd ou XZ) é a escolha natural para backups sérios, porque preserva tudo como deve ser. Para quem quer o melhor dos dois mundos, existe o 7-Zip, que funciona em qualquer sistema e ainda oferece compressão mais eficiente. 

No fim, ZIP e TAR.GZ são como dois tipos de malas de viagem. O ZIP é uma mala com compartimentos individuais, fácil para tirar só a escova de dentes sem revirar tudo. O TAR.GZ é a mala onde se despeja tudo e depois se aperta com um cinto – eficiente, mas pouco prático se precisar de algo no fundo.
 

Bom trabalho!!

 

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